THOMAZI, Áurea Regina Guimarães; ASINELLI, Thania Mara Teixeira. Prática docente: considerações sobre o planejamento das atividades pedagógicas. Educ. rev. [online]. 2009, n.35, pp. 181-195. ISSN 0104-4060. doi: 10.1590/S0104-40602009000300014.
FICHAMENTO:
Esse artigo trata de pesquisar e verificar com um grupo de professoras do ensino fundamental das redes públicas e privadas, o trabalho que é feito em relação a atividades de leitura, onde é desenvolvido em sala de aula com base na relação dos aspectos docentes da prática que é o planejamento de atividades pedagógicas.
É possível relembrar que “ao se tratar de uma investigação sobre a maneira como os professores planejam deve ser perguntado de acordo com os autores se eles, de fato, elaboram um planejamento.”
“A ação de planejar ultrapassa o planejamento, já o planejamento interfere nas relações entre: direção, supervisão, professores, além dos alunos e de suas famílias.”
Segundo o artigo, o planejamento tem o papel de “organizar e sistematizar o trabalho pedagógico, evitando a improvisação.”
Falando um pouco sobre planejar pode-se destacar que, “é um processo que visa dar respostas a um problema, levando-se em conta os contextos e os pressupostos filosóficos, cultural, econômico e político de quem planeja e de com quem se planeja.”
Alguns dos destaques da “pesquisa realizada junto ao grupo de professoras, das redes públicas e privadas do ensino fundamental, eram focar primeiramente sobre suas práticas de leitura em sala de aula, como elas planejavam, partindo da etapa de planejamento, desta forma, verificando se os professores planejam e de que forma o fazem: coletiva ou individualmente.”
Segundo a análise da entrevista realizada pelos autores foi possível destacar três situações distintas onde é elaborada a forma de planejamento em relação a cada profissional, com isso, permitem à classificação as declarações das professoras em três categorias: Individual, Independente e Coletiva.
Deve ser ressaltar não era o objetivo dos autores, neste artigo, “aprofundarem a análise sobre as diferenças entre as redes de ensino, privada, municipal e estadual, cabe ressaltar que as duas primeiras categorias: Individual e Independente foram identificadas apenas na rede pública (municipal e estadual), sendo que a terceira categoria Coletiva foi observada nas duas redes de ensino e, de forma mais acentuada, nas escolas da rede privada.”
“É preciso ressaltar que embora essas professoras não sigam um planejamento imposto pela escola, elas têm consciência de que precisam seguir certas diretrizes, como algumas declararam, "nem que seja o livro didático", de maneira que não fujam demasiadamente do que seria prescrito pela direção do estabelecimento escolar.” (No caso as professoras que se encontram na categoria Individual).
“Constatamos assim, que nesta segunda categoria Independente, trata-se de profissionais que defendem o direito de ter certa autonomia em relação à supervisão e querem demonstrar que são capazes de se "virar" sem apoio de ninguém.” (De acordo com algumas das professoras entrevistadas, ela se julga segura de sua prática, acabam impondo sua autonomia; “nesse sentido, podemos pensar que certa competência favorece a autonomia do professor em relação ao planejamento, em relação à supervisão ou às outras imposições da instituição escolar.”)
”Portanto, que a terceira categoria denominada Coletiva se distingue das duas anteriores. Como foi mencionado anteriormente, ela compreende professoras das redes estadual, municipal e privada com destaque para esta última, além de englobar o maior número de entrevistadas de nossa pesquisa.”
É importante frisar “no que se refere à elaboração do currículo ou planejamento, percebemos que em determinado momento a instituição, a direção, a supervisão e o trabalho em equipe prevalecem sobre a criação individual. Os planejamentos elaborados em equipe, nos casos aqui analisados, submetem-se à influência da instituição, na medida em que a direção ou a supervisão dele participam. Ao mesmo tempo, guardam a marca dos professores, pois se trata de um espaço onde eles podem incrementar suas práticas (conteúdos, metodologias, etc.) e trocar experiências. No momento em que o planejamento passa aos detalhes do cotidiano e, sobretudo, quando ele é dirigido à sala de aula é possível atribuir maior peso aos aspectos individuais dos professores.”
“Constatamos ainda que, mesmo as professoras que não elaboram o planejamento de forma coletiva ou em equipe, procuram referências nos manuais escolares e em outros estabelecimentos, ou seja, elas buscam apoio em instâncias institucionais e escolares.”
“Notamos então, que o currículo formal, oficial ou aquele elaborado na escola se apresenta algumas vezes como autônomo, com uma existência própria, independente dos professores. Ao mesmo tempo, ele é reconhecido como uma produção coletiva da qual todos usufruem. O currículo oficial e/ou formal considerados como realidades objetivas do mundo institucional são "exteriores" ao professor, "persistindo em sua realidade", quer ele "queira ou não" (BERGER; LUCKMANN, 1996, p. 86). Neste sentido, os professores das três categorias: Coletiva, Individual e Independente percebem o currículo como algo relativamente autônomo, mas que é compartilhado por todos.”