FUSARI. J,C. O Planejamento do Trabalho Pedagógico: algumas indagações e tentativas de resposta.
O autor destaca a relação existente entre os professores e o trabalho de planejar, onde é possível observar que o contato direto com professores tem revelado um certo grau de insatisfação destes em relação ao trabalho de planejamento.
De acordo com a realidade o texto ressalta, sob a forma de indagações e tentativas de respostas, o esforço de buscar aclarar um pouco o nó da questão e estimular a recuperação do planejamento na prática social docente, como algo importante para a conquista da democratização do Ensino Público.
As indagações selecionadas e as tentativas de respostas pretendem incitar os docentes a refletirem sobre a problemática da Educação Escolar Pública como um todo e, em especial, sobre os problemas e desafios do planejamento do ensino.
O sentido para o Conceito de Planejamento do Ensino atualmente na prática docente tem-se reduzido à atividade em que o professor preenche e entrega à secretaria da escola um formulário. Este é previamente padronizado e diagramado em colunas, onde o docente redige os seus "objetivos gerais", "objetivos específicos' "conteúdos", "estratégias" e "avaliação".
Em muitos casos, os professores copiam ou fazem fotocópias do plano do ano anterior e o entregam à secretaria da escola, com a sensação de mais uma atividade burocrática cumprida.
Na prática docente deve ser concebido, assumido e vivenciado em seu cotidiano um processo de reflexão. Entretanto, não é qualquer tipo de reflexão que se pretende e sim algo articulado, crítico e rigoroso; o planejamento do ensino é o processo de pensar, de forma "radical", "rigorosa" e "de conjunto", os problemas da educação escolar, no processo ensino-aprendizagem. Conseqüentemente, planejamento do ensino é algo muito mais amplo e abrange a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino.
O planejamento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente.
Planejamento de ensino é o processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos". (FUSARI, 1989, p. 10).
A diferença e a intima relação existente em relação ao Planejamento e o Plano podem ser destacados desta forma, que o planejamento e plano se complementam e se interpenetram, no processo ação-reflexão-ação da prática social docente.
Um profissional da Educação bem-preparado supera eventuais limites do seu plano de ensino. O inverso, porém, não ocorre: um bom plano não transforma, em si, a realidade da sala de aula, pois ele depende da competência-compromisso do docente.
O que tem levado a uma contínua improvisação pedagógica nas aulas é a ausência de um processo de planejamento do ensino nas escolas, aliada às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes no exercício do seu trabalho; em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma "regra", prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.
Já, em relação à elaboração de planos de ensino não elimina o trabalho da forma que está sendo praticado, o preparo das aulas, pois o preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si.
Cada aula é um encontro curricular, no qual, nó a nó, vai-se tecendo a rede do
currículo escolar proposto para determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino.
O Livro Didático pode auxiliar no preparo e desenvolvimento do trabalho em sala de aula através dos meios de comunicação no processo de ensinar e aprender. Como tal, ele faz parte do método e da metodologia de trabalho do professor, os quais, por sua vez, estão ligados ao conteúdo que está sendo trabalhado, tendo em vista o atingimento de determinados objetivos educacionais (pontos de chegada).
O livro didático é apenas um dos instrumentos comunicacionais do professor no processo de educação escolar, tanto na Pré-escola, como no 1 °, 2° ou 3°- Grau'.
Como prioridade do processo de planejamento é notado que a situação dos professores é preocupante; eles têm de entregar planos gerais das disciplinas, planos de ensino e, no entanto, não possuem condições para o preparo das aulas, o que é o mais fundamental.
Para uma compreensão mais ampla da influencia do Tecnicismo no Planejamento do Ensino, inicialmente é preciso esclarecer o sentido do termo tecnicismo e a conotação negativa que vem sendo associada a ele. Uma das origens da influência tecnicista no planejamento de ensino pode ser localizada no início dos anos 70, em São Paulo, quando a Secretaria de Estado da Educação iniciou um processo de treinamento de professores, com o apoio da equipe técnica do então Grupo Escolar Ginásio Experimental "Dr. Edmundo de Carvalho", conhecido como "Experimental da Lapa'.
Neste processo de treinamento de professores, dentre outros temas, o planejamento do ensino foi selecionado e trabalhado junto aos docentes da Rede Estadual de Ensino como um todo.
A reversão deste quadro envolve, necessariamente, a conquista de melhores condições de trabalho para os professores nas escolas; o aperfeiçoamento (transformação) do processo de formação do educador nas habilitações para o Magistério, Pedagogia e Licenciaturas; e, ainda, uma política que implante programas de formação dos educadores em serviço.
O texto se mostrou relevante ressaltando os problemas que segundo autor é destacado entre os professores e o trabalho de planejar. Não me surpreendi com a dificuldade que os professores enfrentam por falta de preparo, mas também mostra visivelmente o que se ouve com certa freqüência nas falas postas no texto do tipo: "Eu acho importante planejamento, mas não da forma como vem sendo realizado"; "Eu acho que dá para trabalhar sem planejamento"; "Do jeito que as coisas estão, impossível planejar o meu trabalho docente; vivo de constantes improvisações';"Eu não acredito nos planejamentos tecnicistas que a Rede vem elaborando mecanicamente e que nada têm a ver com a sala de aula"; "Eu sempre transcrevo o planejamento do ano anterior, acrescento algo quando dá, entrego e pronto. Cumpri a minha obrigação". Isso mostra claramente o contato direto que o professor passa com a insatisfação em relação ao trabalho de planejamento; o desanimo presente e a visão do trabalho cumprido como obrigação para ganhar o pão de cada dia.
Como contribuição foi possível destacar que para o meu conhecimento foi proveitoso saber diferenciar planejamento e plano de ensino, pois antes considerava que eram sinônimos, mas durante o texto foi explicado que é o planejamento do ensino é o processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos" (FUSARI, 1989, p. 10), o plano de ensino é um momento de documentação do processo educacional escolar como um todo. Plano de ensino é, pois, um documento elaborado pelo(s) docente(s), contendo a(s) sua(s) proposta(s) de trabalho, numa área e/ou disciplina específica.
O plano de ensino deve ser percebido como um instrumento orientador do trabalho docente, tendo-se a certeza e a clareza de que a competência pedagógico-política do educador escolar deve ser mais abrangente do que aquilo que está registrado no seu plano.
Finalizando como apreciação, o texto de acordo com “a elaboração (coletiva/individual) dos planos de ensino depende da visão de mundo que temos e do mundo que queremos, da sociedade brasileira que temos e daquela que queremos, da escola que temos e daquela que queremos.” Por tanto essa parte mostra um momento de reflexão do texto; onde depende de todos nós (sociedade brasileira), do esforço e afinco no planejamento do trabalho pedagógico, com isso acreditando que todos com força de vontade podemos chegar a melhores tentativas de resposta possibilitando algum benefício futuro no desenvolvimento da Educação Brasileira.