· Ponto principal observado no terceiro dia:
Organização da Brinquedoteca, Atividade elaborada para Apresentação, Observação Individual e Atividade com Pintura.
Hoje no terceiro dia, desenvolvemos atividades relacionadas a cantigas de roda para turma A e pintura com a turma B; ambas são crianças da creche Cruzada do Menor.
Na atividade com a primeira turma de crianças; surgiu um pequeno problema, pois fizemos uma roda só, com todas as crianças e a sala é um pouco pequena.
Particularmente, observei que faltou espaço, ou seja, deveria ter sido debatido melhor essa atividade. Surgiu uma situação problema durante a prática; desta forma, foi debatido uma solução para o determinado problema.
Essa atividade com cantigas de roda serviu de experiência para uma próxima brincadeira, pois existirá um desenvolvimento melhor da atividade. Para que exista uma solução, seria bom elaborar algumas ideias para o melhor aproveitamento do espaço; Como por exemplo: a criação de rodas menores para o melhor aproveitamento referente ao espaço e para que consigamos desenvolver a brincadeira de forma mais tranquila. (Seria uma solução).
Esses fatores que surgem de última hora são feitos para serem observados e analisados, desta forma priorizando e buscando sempre melhorar; assim, perceber a situação problema e manter o controle durante o processo da atividade. Desta forma, é necessário refletir sobre cada ponto insatisfatório ocorrido; a partir da experiência, procurar elaborar uma forma melhor de solucionar os problemas acontecidos na prática, com isso, mantendo-se alerta durante a observação em busca do melhor trabalho que a equipe pode desenvolver na Brinquedoteca; obtendo a solução e o debate durante as reuniões de planejamento em relação ao melhor a ser feito.
A atividade proposta para turma A consistia em: relembrar cantigas de roda com todas as crianças dando as mãos; ao rodar e cantar, em voz alta junto da participação das estagiárias da Brinquedoteca do Campus Nova América foi cantado várias canções com a colaboração das crianças.
Essa brincadeira trabalha o contato entre as crianças e conosco; o corpo em movimento, a musicalidade cantarolada por todos, direção e também o desenvolvimento cognitivo de cada criança.
Logo após as atividades com cantigas de roda, deixamos as crianças escolherem livremente onde desejavam brincar na Brinquedoteca, mas sempre com a mediação, observação e participação de cada estagiária da equipe de Brinquedistas do Campus Nova América.
Caracteristicamente resolvi escolher uma criança para fazer uma análise individual durante o estágio, observando bem de perto o seu envolvimento e desenvolvimento durante o período passado na Brinquedoteca.
Por tanto, ao longo do relatório vou escrever o que foi observado sobre fatos interessantes ocorridos na Brinquedoteca, em relação a algumas crianças em particular.
A criança escolhida particularmente por mim se chama Milene da turma A.
Milene é uma criança ativa e bastante esperta. Sorridente, simpática e carismática. Mostra bastante interesse nas brincadeiras e atividades propostas pela equipe de estagiários. Costuma primeiramente escolher sua fantasia de Branca de Neve. Falante e comunicativa, mas em certos momentos tem dificuldade de dividir os brinquedos, pois gosta de fazer tudo ao mesmo tempo, dessa forma às vezes acaba provocando brigas entre seus coleguinhas por causa de algum brinquedo. Algo que pretendo mediar e ajudar. O objetivo é dependendo da brincadeira, aos poucos mostrá-la que na Brinquedoteca todos podem brincar. Com o tempo, ela como outras crianças vão aprender a viver em sociedade, pois os brinquedos são coletivos e essa é uma das regras da Brinquedoteca.
Regras existem para ser respeitadas, sendo assim, o respeito entre cada criança deve permanecer em relação a cada brinquedo escolhido. Assim, enfrentar os desafios que cada brincadeira impõe da melhor forma possível; fazer com que a criança aprenda a viver em sociedade e dividir dentro da brinquedoteca.
Desta forma, consequentemente foi realizada uma boa aprendizagem. Saber, aprender e entender o quanto é importante dividir e manter o grupo de crianças em harmonia.
Milene mostra necessidade de atenção e fica notável em minha observação sua carência, isso se torna preocupante, pois às vezes são perceptíveis seus sentimentos de ciúme; desta forma, é mostrada a necessidade dela de ter somente uma pessoa lhe fornecendo atenção exclusiva.
Por acaso, reparei que sempre procura minha companhia para brincar, pois gosta das brincadeiras e atividades que elaborava para ela e aos demais coleguinhas ao redor. Costumo ficar com um grupo de cinco crianças, mas Milene se destaca por ser mais atenta e participativa do que as demais crianças que acabam distraídas e envolvidas com o grande mundo da Brinquedoteca, atraídas por outros brinquedos.
Depois de algumas atividades elaboradas pelo grupo de estagiários do campus Nova América; liberamos as crianças para escolher qual brinquedo gostariam mais de brincar.
É interessante a diversidade de atrativo em relação a cada criança. Cada uma delas mostra a busca pelo brinquedo ideal para dar continuidade à fantasia e a imaginação gerada pelo brincar, criada pela própria criança; com isso, fica claro a importância do incentivo a imaginação sem impor regras à fantasia.
Dependendo do brinquedo escolhido, é necessária uma mediação para manter a organização no controle da brincadeira, caso seja mais de uma criança querendo brincar com o mesmo brinquedo; a partir desta situação, a estagiária desenvolve o papel de mediar e participar, com o intuito de preparar a brincadeira com o determinado grupo de crianças e desta forma desenvolver e elaborar uma atividade divertida tornando-a sadia para todos os participantes.
É observado que ao mesmo tempo, o prazer de brincar e do faz de conta, proporciona e trás consequentemente, para a criança, o conhecimento e o desenvolvimento de sua aprendizagem individual, ou seja, se torna vital para o ser humano.
“É notável que a criança comece com uma situação imaginária que, inicialmente, é tão próxima da situação real. O que ocorre é uma reprodução da situação real. Uma criança brincando com uma boneca, por exemplo, repete quase exatamente o que sua mãe faz com ela. Isso significa que, na situação original, as regras operam sob uma forma condensada e comprimida. A muito pouco de imaginário. É uma situação imaginária, mas é compreensível somente à luz de uma situação real que, de fato, tenha acontecido. O brinquedo é muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu do que a imaginação. É mais a memória em ação do que uma situação imaginária nova. À medida que o brinquedo se desenvolve, observamos um movimento em direção à realização consciente de seu propósito. É incorreto conceber o brinquedo como uma atividade sem propósito. O propósito decide o jogo e justifica a atividade, determina a atitude afetiva da criança com o brinquedo.”
(VIGOTSKY, 2000, p.135).
Desta forma, é provocado também, realizações de desejos, a percepção da evolução emocional, desenvolvimento cognitivo e motor, respeito no espaço em que estão com seus amigos entre outras milhares de aprendizagens que são vivenciadas durante as brincadeiras na Brinquedoteca. Fatos que ocorrem sem perceber a todo tempo por cada criança; isto é, o respeito ao tempo e a individualidade de cada criança é relevante para o desenvolvimento da personalidade, afinal nenhuma é igual à outra.
É importante procurar e saber o que as crianças sabem ou pelo que se interessam mais; com isso é possível mediar e participar melhor, desta forma, realizando sempre boas brincadeiras que as despertem interesse.
Hoje foi realizada coma turma A uma brincadeira com um globo de brinquedo que continha várias bolinhas de cores diferentes. Este brinquedo foi escolhido por Milene e os demais coleguinhas; consistia em: rodar a manivela do globo e durante cada rodada cantávamos todos juntos a música “roda” repetidamente para que a brincadeira ficasse mais animada e emocionante. A cada rodada, o globo liberava uma bolinha por vez de cores distintas. Cada cor era organizada no tabuleiro em grupos; as crianças participavam ativamente mediadas por mim; com base na brincadeira formavam os grupos.
Por exemplo, grupos de: azuis, vermelhas, amarelas entre outros.
Milene se destacou falando o nome de cada cor que saia ao rodar a manivela do globo. Quando Milene não sabia inventava um nome para a cor. A partir dessa dificuldade apresentada por Milene, fiz o papel de ajudá-la brincando na associação das cores das bolinhas com a roupa da Branca de Neve e também uma relação com o que existe na história; consequentemente foi provocada a associação para dar margem a aprendizagem de cada cor referente a cada bolinha, isto é fazer com que Milene recordasse a história e ter atenção as cores que possuía em sua fantasia de Branca de Neve. (isso não desviou o principal objetivo da brincadeira que era se divertir rodando o globo e formar grupinhos de cores).
Por exemplo: A cor branca e vermelha tem na capa da princesa Branca de Neve, ou o vermelho também pode representar a maçã da história, como também a cor verde faz parte da floresta onde os sete anões moravam.
Com isso foi realizada a associação das cores, de forma suavemente sendo aceito por Milene. Ocorreu uma modificação na brincadeira com mais uma regra criada por todos nós; Milene separou o grupo de bolinhas brancas e depois automaticamente tocava na parte branca da roupa que estava vestida de Branca de Neve. (Milene associou a cor branca da bolinha com a cor que existia em uma parte de sua fantasia, consequentemente surgiu uma aprendizagem relacionada à associação, algo muito interessante e prazeroso de ser presenciado).
Sempre ao término da brincadeira, peço ajuda a todas as crianças para que guardem os brinquedos que utilizaram; isso faz parte de uma das regras impostas na Brinquedoteca, onde acho muito justo, pois conscientiza a criança que não é de qualquer jeito que podem deixar os brinquedos escolhidos; o intuito da regra é aprender a ter cuidado com os brinquedos que utilizam e respeitar a hora de guardá-los, com isso é tornado algo que ocorre de forma natural.
Milene se destacou novamente, recitando em voz alta todas as cores de cada bolinha enquanto colocava-as novamente dentro do globo. Milene mostra uma resistência ao deixar seus amigos brincarem e colaborarem também, mas conversando e explicando com paciência que cada um tem sua vez de ajudar também, o processo durante a brincadeira de guardar, acaba fluindo bem sem brigas.
Todos os jogos e brincadeiras possuem regras, com isso essas regras devem ser respeitadas sem perder a essência da diversão.
Até mesmo Milene escolhendo o determinado brinquedo (o globo), foi observado que mediá-la e ao mesmo tempo conduzi-la para uma melhor harmonia entre seus amigos estava sendo um pouco difícil, pois ficava um pouco rebelde. Mas aos poucos a situação foi revertida com bastante conversa e paciência. Desta forma, foi deixado para trás a disputa por brinquedos e sendo mostrado o valor principal que desta vez foram marcados pela diversão e a socialização; ou seja, foi possível uma boa mediação sem brigas e com um bom resultado. (Disputa é algo desnecessário no espaço da brinquedoteca, pois todas as crianças precisam aprender a dividir, pois os brinquedos são coletivos).
Foi elaborada uma atividade para a turma B, com a colaboração da equipe de brinquedistas estagiárias do campus Nova América, uma ótima brincadeira divertida relacionada aos desenhos.
Cada criança sabe e gosta de desenvolver sua própria arte, dessa forma foram distribuídos potinhos com giz de cera e folhas de papel. Sem querer querendo me destaquei entre as estagiárias, pois comecei a conversar com cada criança o que cada uma estava pensando em desenhar.
Fiz uma pergunta em voz alta: O que vocês gostam de desenhar?
E cada um respondia algo: uma menina muito esperta disse que gostava de tubarão equilibrando uma bola no nariz (Taís que com certeza farei uma observação individual) e ao longo da conversa foi desenhando de tudo um pouco para mostrar que sabia fazer do jeito dela; também participou da conversa e conseguiu ao mesmo tempo atenção; Já o outro menino disse que gostava de tigre, o outro escolheu desenhar o cavalo, outro um cachorro, uma menina mais quieta desenhou uma peteca que ficou bem desenhada e bem colorida, um menino desenhou sua própria mão, outras meninas desenharam pássaros, borboletas entre outros desenhos.
Quando percebi a mesa da direita onde se encontravam as outras crianças começaram a conversar comigo também; mostrando o que já tinham desenhado e o que sabiam fazer.
Então, fui conversando com todos aos poucos perguntando se tinham percebido que hoje bem cedinho junto com a chuva tinha surgido o sol no céu.
Então em voz alta perguntei: O que aconteceu depois do sol e a chuva?
Logo depois da pergunta, uma menina da mesa à direita me mostrou o seu desenho, e nele tinha desenhado um arco-íris. (Foi surpreendente a forma que ela achou de me responder).
Fiquei muito feliz de reparar cada desenho individualmente e também de manter uma ótima comunicação com cada criança; percebi que fui eleita (entre as estagiárias) pelas crianças para mediar à atividade com pinturas; com toda atenção ao meu redor, somada de diversão e envolvimento de ambas as partes, experimentei enfrentar o sabor do desafio e saber me colocar diante as crianças; com base na observação, interação, conversação e o envolvimento entre o conhecimento e a descoberta sobre o que passava em cada mente brilhante, de cada criança; foi uma experiência marcante e gratificante, à boa comunicação que surgiu durante a atividade sucedeu um interesse foi mútuo. É interessante a criatividade de cada criança em provar que sabia desenhar sobre tudo que conversávamos do jeito individual de cada uma.
Foi desenvolvida uma ótima maneira de pintar e desenhar conversando e interagindo, desta forma ampliando o campo de aprendizagem e conhecimento, ou seja, trocando informações com cada uma das crianças, com isso foi mostrado o valor que possuí cada desenho realizado.
Esta atividade particularmente envolveu-me tanto, que me lembrou dos momentos de crianças que não voltam nunca mais. Ao pensar e reparar nisso, vejo como é importante cada brincadeira executada na brinquedoteca, para o desenvolvimento, aprendizagem e evolução da personalidade individual de cada criança; ou seja, respeitando-as como são e fazendo parte desse maravilhoso mundo de fantasias e imaginações ocorridos na Brinquedoteca.
Esta atividade perdurou por volta de vinte minutos, algo que não esperávamos que desse tão certo. Experiência emocionante, sentir que as crianças gostando e curtindo cada momento e cada minuto de interação nessa atividade.
Dê minha parte senti muita felicidade, por sentir-me útil e perceber meu valor dentro do espaço da Brinquedoteca; muita das vezes esquecendo um pouco que se trata de um estágio; com isso funcionando a cada dia como uma grande experiência transformada em terapia para mim.
Ao término de suas obras de arte, algumas estagiárias ajudaram a colocar o nome de cada criança no papel para que enfeitemos o mural da Brinquedoteca.
Referência:
VIGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.